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segunda-feira, 22 de junho de 2009

O trem e eu: A Crônica da pobreza


Fui convidada pelo Leandro do Afazia para fazer algumas contribuições por lá.
Hoje postei um texto da minha aventura de ter pego um trem. Experiencia altamente traumática e que espero nunca mais ter que passar.


Com nossa imensa malha ferroviária, o Brasil poderia ser digno de exemplo de bom transporte publico, mas pelo menos não é isso que acontece no Rio de Janeiro. Por essas bandas do Sudeste, quem pega trem é suburbano. Já parte dai o estigma do velho bonde.
Talvez por só atender a demanda da classe menos favorecida, o trem é o pior transporte do Rio. São tantas as histórias que dava medo de pensar na possibilidade de.

Para minha felicidade nunca havia precisado pegá-lo, até o fatídico dia em que , por questões de trabalho, tive que me deslocar até o lado oposto da cidade, na zona oeste, um lugar conhecido como Santa Cruz, a última estação do dito cujo.

Tinha que comparecer a uma reunião na empresa ás 9:30 da manhã. Segundo informações,
deveria estar na estação ás 7:00 em ponto e pegar o ramal correspondente.
Pausa ----- Vocês conhecem aquele tipo de pessoa que fala com você como se tu conhecesse o local?? Ora bolas, se eu conhecesse para que eu iria perguntar?!! Isso tira qualquer pessoa na fila da canonização do sério! Depois não sabem porque as pessoas tem tolerância zero.---- Mas continuando….quem nunca pegou um trem não sabe nem por onde começar, porque nem na própria estação te dão uma informação coerente. É um tal de plataforma x, ramal y e para completar o enredo, os trens não vem com nada escrito, ou melhor, vem com um pedaço de folha ilegível em letras micro.

Não sei quanto a vocês, mais por várias vezes na vida já tive a sensação de estranheza ao estar em um lugar não de hábito. Parece que as pessoas sabem que você não pertence aquele nicho. Muito esquisito, mas tem coerência sim. Perceba…Você não se veste como eles, não tem os mesmos códigos sociais e provavelmente está se sentido um peixinho dourado no meio de um tanque de lulas. Depois de 40 minutos me achando um Alien no meio daquela plataforma, eis que surge alguma coisa no horizonte. Educadamente me dirijo a uma senhora com o Washington no colo e pergunto:

Bom dia, a senhora sabe me dizer se esse é o trem que vai para Santa Cruz?

A mulher me olha com tanto desdém que me afasto dos trilhos com medo que ela me arremesse para lá, tal qual fez com o biscoito “grobo” do Washington.
- SEI NÃO, NEEEMM! Falou aos berros que o “NEM ecoou”, “PREGUNTA ALI AO RAPAZ”. Que ódio quando me chamam de “Nen”. Mania de pobre feia. Agora parece que as pessoas estão substituindo por “fio” e “fia”. O povinho que gosta desses vocabulários pobres.. erggg

Agradeci e correndo fui perguntar ao Nem com cara de quem estava voltando para casa depois de uma noite dura de trabalho. Aos bocejos o Nen me disse que era sim. Com educação, abriu espaço para que eu entrasse na sua frente e adentrasse aquele recinto barulhento e põe barulhento nisso.

Gente, pobre sofre!!! Sentei em um assento que me parecia ser o mais limpo, longe dos cantos, porque nesses tinha tanto lixo que era capaz de encontrar um rato.

Aparentemente a viagem pareceria tranqüila. Os viajantes na grande maioria eram trabalhadores voltando para casa e alguns poucos com cabelos molhados. Tirando o barulho de janelas que pareciam que a qualquer momento iriam se desprender, com vento na cara, odores desagradáveis, gente roncando, e um barulho ensurdecedor do trilitar dos trilhos, tudo estava indo bem. Saquei meu Mp3 com centenas de musicas, porque sabia que ainda tinha quase 2 horas de viagem, até que o trem para em uma estação e o tormento começa.

Era tanto ambulante vendendo de tudo um pouco que fiquei tonta com tantas ofertas. Mas uma coisa é inegável. Quando vc compra um caderno de 100 folhas e uma caneta por R$2,00? No meio de tanta gente vendendo até a mãe, correm os seguranças da estação coibindo o comercio ilegal. Neguinho corria que nem gato escaldado. Os que sabiam que não eram afortunados a essa proeza, tratavam de atochar as mercadorias em malas. Pobre dá jeito para tudo. Nada que um crediário nas Casas Bahia não resolva.

Com o passar da hora, as crianças entravam e junto as mães escandalosas. Convenhamos que essa cultura suburbana de falar como se estivesse gritando é de um mal gosto insuportável. E as panças de fora? As mulheres parecem uns quibes. O Povo não se enxerga . Vestem uns shortinhos da gang que as estrias e celulites pulam e ainda se acham as gotosonas e se tu olhar, ainda dizem que você sente inveja do corpinho...só rindo na cara mesmo…

Depois de 1hora e 40 minutos chego ao meu destino: imunda de poeira, toda descabelada, amassada, com uma dor de cabeça insuportável. A essa hora já deveria estar na minha reunião, mas ainda tinha que encarar mais uns 20 minutos de Kombi até o local, o que não fiz, porque nem sabia onde tinha que pegar. Já estava farta de pobreza! Tratei de pegar um táxi e me mandei daquele inferno, sabendo que algumas horas depois teria que enfrentar tudo novamente…Essa foi a primeira e única vez que passarei por essa experiência… Na boa, não moro mal, não tem pretensões e não sou intelectual socialista para gostar de pobreza. Valorizo meu trabalho, mas never more!!! O cliente que se dane ou trate de trabalhar em um lugar civilizado!
Pobre sofre muito!

3 comentários:

  1. que isso, trem no rio é assim? -foto- rs,
    lembrei de vc quando vi isso, nao de vc, mas do post que vc fez da gretchen, olha http://blogdatiawinehouse.blogspot.com/2009/06/tia-gretchen-e-pura-seducao.html?showComment=1245757153143#c22066435625530089

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  2. Para os que não conhecem o Rio, vamos esclarecer. Não!! Essa foto não é do Rio.. Aqui o trem é muito trash, mas nem tanto..rsss
    realmente tem surfista de trem, gente saindo de todos os lados, mas nada comparado as fotos.
    Dê preferencia ao Metrô!

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