Voyer, eu??? Não, você deve estar enganado

Nessa edição do BBB9 mais uma surpresa. A tal da bolha. Convenhamos, aquilo de bolha não tem nada. Está mais para um aquário humano, por não dizer uma gaiola de experimentos humanos. Sinto como se fossem meus ratinhos de laboratório, na minha época de faculdade. Saudosa Louise. Coitada, teve que ser sacrificada porque minha mãe não permitiu que eu a trouxesse para casa. A Louise não era diferente desses personagens. Ela ficava li a minha espera para que eu a tirasse daquela jaula e desses uns passeios com ela. Eu controlava a sua água e sua comida e também o seu lazer. Eu não gostava daquela situação.

Amo animais e não importa o objetivo, eles são animais e não devem ser servidos a nossa bel prazer. Acho que foi por isso que desisti de fazer Biologia. Só em pensar em ter que lidar com animais em laboratório já ficava mal. Não consigo matar uma abelha, quem dirá ficar dando injeções em animais.

Agora, observemos a situação televisiva. Esse povo do BBB fica ali, naquele treco que se chama bolha enquanto os afoitos espectadores ficam do lado de fora tratando-os como animais de estimação.... tira a camisa, rebola, põe biquíni, mostra a bunda. E eles por sua vez, fazendo coraçõezinhos no ar para ver se alguém os leva para casa. O que as pessoas não fazem por 1 milhão de reais???
E depois dizem que as pessoas não tem um preço. Lastimável! Não por eles, que não imaginavam que passariam por isso, mas pela idéia de girico do Big Boss, que está passando dos limites. O que não se faz por uma audiência e por um patrocínio. Afinal de contas, o Via Parque deve estar faturando rios com essa história de Bolha. Um shopping meia boca que antes só servia de passa tempo para aqueles que freqüentavam a casa de show que fica no seu interior.

Mas quer saber, o pior disso tudo são as pessoas. Essas sim me assustam a cada dia. O que leva uma criatura a sair de sua casa para observar quatro pessoas que ela nem conhece ali, enjauladas. Esse sadismo é assustador. E porque não falar na observação inusitada do “cantor” Luciano, da dupla sertaneja. Essa foi a pérola da semana, dizendo que não era para eles saírem da casa porque era legal vê-los naquela situação. Esse sadismo voyerista é camuflado pela permissão anônima do “Pode espiar, não é feio não”, profanada por Pedro Bial. Não tenho nada contra Big Brother, mesmo porque eu assisto, mas não dá para deixar essas coisas passarem despercebidas. Esse programa não é de todo ruim. Pode-se observar coisas bem interessantes como o comportamento dessas pessoas em situações estressantes. O que de pior eles tem aparece ali, em uma situação ou outra, mas aparece. Cabe ao tele espectador mais ligado observar. Pena é que as pessoas estão mais interessadas em quem vai pegar quem, na bunda da fulana, na sunga branca do sicrano, no barraco que vai acontecer, etc. Mas elas estão erradas? Não sei, quem sabe eu que estou fazendo uma visão muito romântica de um programa que tem a proposta de ser um lixo televisivo meramente de entretenimento onde as pessoas se permitem submeter-se a várias situações em prol de dinheiro. De uma certa forma eu também compro essa idéia e ajudo a aumentar o Ibope. Meus interesses não aparecem nas pesquisas. Elas não estão interessadas em saber porque eu vejo e sim que vejo. Eu faço parte desse montante voyerista que liga sua televisão todos os dias de Janeiro a Abril para observar os ratinhos de bundões e sarados. Discordo sim dessa bolha absurda que imputa esperança aqueles quatro participantes que ficam o dia inteiro fazendo palhaçadas para serem aceitos, mas compro essa idéia voyerista do Big Brother. Portanto, não sejamos hipócritas em dizer que o programa não instiga, atrai os olhares curiosos. Já que não podemos olhar pela janela do vizinho, liguemos a TV e sejamos felizes.
Pode olhar, não é feio não!